Concepção assistencialista do cuidar na Educação Infantil
Grande parte das instituições de Educação Infantil do Brasil nasceram com o objetivo de atender exclusivamente às crianças de baixa renda, como estratégia para combater a pobreza e resolver problemas ligados à sobrevivência das crianças, justificando atendimentos de baixo custo, com escassez de recursos, precariedade de instalações, formação insuficiente de seus profissionais e alta proporção de crianças por adulto. O atendimento era entendido como um favor oferecido para poucos. A concepção educacional era marcada por características assistencialistas, desconsiderando as questões de cidadania ligadas aos ideais de liberdade e igualdade. Para modificar essa concepção assistencialista faz-se necessário atentar para várias questões que envolvem assumir especificidades da educação infantil e rever concepções sobre a infância, as relações entre classes sociais, responsabilidades da sociedade e o papel do Estado diante das crianças pequenas. Há práticas que privilegiam os cuidados físicos, partindo de concepções que compreendem a criança pequena como carente, frágil, dependente e passiva, e que levam à construção de procedimentos e rotinas rígidas, dependentes todo o tempo da ação direta do adulto, o que resulta em períodos longos de espera entre um cuidado e outro, sem respeitar a singularidade e a individualidade de cada criança. Essas concepções tolhem a possibilidade da criança tornar-se independente e de aprender sobre o cuidado de si, do outro e do ambiente.
Em outras concepções o cuidado é compreendido como sendo referente à proteção, saúde e alimentação, incluindo as necessidades de afeto, interação, estimulação, segurança e brincadeiras que possibilitem a exploração e a descoberta.