O texto “O Desenvolvimento da Escrita nos Anos
Pré-Escolares: Questões Acerca do Estágio Silábico”, escrito por
Cardoso-Martins e Corrêa (2008), apresenta um estudo investigativo sobre a
evolução da escrita, exibindo resultados que sugerem ser modelo de fases de
Ehri como o que fornece uma descrição mais apropriada do desenvolvimento
inicial da escrita de crianças falantes do português brasileiro do que o modelo
de estágios de Ferreiro.
De acordo com o estudo, no paradigma construtivista
defendido por Ferreiro, o desenvolvimento da escrita é determinado por mudanças
na capacidade lógica da criança, descrevendo as hipóteses que a criança
constrói sobre a natureza da escrita nos anos pré-escolares e início dos anos
escolares. Essa construção ocorre em três estágios, pré-silábico: que apresenta
o princípio da quantidade mínima e o princípio de variações qualitativas,
estágio silábico: que constitui uma manifestação da compreensão infantil de que
a escrita representa a fala e o nível alfabético, que aponta para as
semelhanças e diferenças sonoras entre as palavras e a escrita com a relação
letra-som.
Mediante o paradigma fonológico, apresentado no
estudo, a criança ao aprender a ler e escrever precisa compreender que as
letras representam sons na pronúncia das palavras, desenvolvendo o conhecimento
das correspondências letra-som e da consciência fonológica, desenvolvendo
também a escrita. Segundo as autoras a escrita silábica provém da tentativa da
escrita de letras cujo som a criança detecta na pronúncia das palavras, sejam
vogais (mais frequentes) ou consoantes. Assim, ao invés dos estágios pré-silábico
e silábico, seria mais apropriado considerar fases delimitadas pela habilidade
crescente da criança de representar sons na pronúncia da palavra por unidades
ortográficas foneticamente apropriadas.
Os dois modelos
se contradizem, uma vez que o modelo de Ferreiro argumenta que a hipótese
silábica independe do conhecimento do nome e dos sons das letras, o de Ehri
contrapõe que o conhecimento do nome e dos sons das letras é crucial para que a
criança compreenda que a escrita representa a fala. O modelo de Ehri seria mais
abrangente, visto que acomoda dados de línguas diversas, como o português
brasileiro e o inglês, enquanto que o modelo de Ferreiro provém de observações
constantes na língua latina.
Entretanto, os dois modelos consideram a criança como
um ser ativo, que em idade pré-escolar explora o conhecimento do nome e dos
sons da escrita. Assim, podemos definir os dois modelos, contraditórios em
parte e complementares no todo, já que ambos apresentam informações relevantes
acerca do desenvolvimento da compreensão da escrita pelas crianças.
CARDOSO-MARTINS, Cláudia and CORREA,
Marcela Fulanete.O desenvolvimento da escrita nos anos pré-escolares: questões
acerca do estágio silábico. 2008, vol.24, n.3, pp. 279-286 - disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722008000300003
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