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ESTRELINHAS

sexta-feira, janeiro 20, 2012

Eram 4 cores de estrelas com os seguintes valores:

Estrelas vermelhas - valiam por qualquer atividade cumprida, desde uma atividade escrita, a participação em uma brincadeira ou atividade oral, a realização de um trabalho, etc.

Estrelas verdes - valiam 5 estrelas vermelhas, ou seja, a cada 5 vermelhas, trocava-se por uma verde. Elas valiam para trabalhos mais elaborados, ou quando a turma estava desistindo de ganhar a vermelha.

Estrelas amarelas - valiam 10 estrelas vermelhas ou 5 verdes - eram essas que eram contadas no final do mês (como as crianças eram maiores o prazo para trocar a estrela podia ser estendido, com crianças mais novas recomendo fazer a troca semanalmente, ou elas desestimulam). Eram dadas para atividades complexas, como um trabalho a ser apresentado para a turma, ou escrito, um desafio resolvido, por boas ações dentro da escola.

Estrelas azuis - valiam 10 estrelas amarelas, mas ATENÇÃO, não se podia trocar estrelas amarelas em azuis!! Coloquei-as em uma caixa forrada com veludo preto, pois elas eram super especiais, eram dadas por atitudes inesperadas, descobertas, em grandes desafios.

No final do mês eu contava as estrelas, então o aluno que tivesse mais estrelas amarelas ganhava um presente. E eu dei bons presentes. Só houve um empate, entre duas alunas, as duas ganharam um despertador das princesas.

Para contar as estrelas eu contava de cinco em cinco, se não completava 5, não valia. Ex:

7 estrelas verdes valeriam 1 estrela amarela, pois 5 verdes = 1 amarela e 2 verdes não valiam nada.

No começo eu contava todas, mas as que sobravam alguns alunos recortavam e colavam na folha do mês seguinte.

Na turma do 2° ano eu mesma colava as estrelas, com o 4° ano, eles colavam. Primeiro fizemos na última folha do caderno e eles mesmos decidiram como iam organizá-las. Foi a primeira tabela da turma e haja discussão. Por fim fizeram uma coluna para cada estrela e cada um enfeitou como quis.

Depois, como as estrelas acabaram misturadas, decidimos fazer a tabela em uma folha, uma por mês, no final, quando eu contava as estrelas, jogava a folha fora e dava outra para o mês que começava. Assim não tivemos mais problemas.

Também recomendo um furador de estrelas, pois uma professora, amiga minha, recortou as estrelas e teve a infeliz surpresa de tê-las falsificadas.

Como se dá estrelas para todas as atividades é praticamente impossível que algum aluno não ligue para elas. Tive só um que falou que não se importava, mas como ele realizou um feito e ganhou uma azul, logo elas voltaram a ter importância. Não tive choro, nem reclamações por não terem ganho alguma vez. E como foram só 11 premiados (2 em um mês), achei que a turma foi bem madura.

Claro que além da equipe da escola concordar é necessário ver como a turma reage, porque sabemos que receitas didáticas só tem um resultado = fracasso! Então não fique triste, nem se sinta culpado se der errado. Isso também é aprendizado e assim buscamos novas formas de agir.

Alguns colegas criticam essa prática, dizem que é uma forma errada de se ensinar algo. Bemmm, aí temos alguns pensamentos:

  1. Eu não ensino nada a ninguém, os alunos aprendem e eu interfiro onde penso que devo, provoco, ajudo-os a pensar;
  2. Eles tinham a opção de não fazer a atividade, o que implica na nota, a estrela poderia então ser uma nota enfeitada? Não, eles não ligavam para nota, mas para as estrelas.
  3. Depois de um tempo, alguns tomam gosto por aprender e acabam nem ligando tanto para as estrelas.
  4. Alguns alunos só fazem atividade por causa da estrela. Talvez a fariam por causa da nota. Talvez não fizessem nada se não tivesse estrela...
  5. Se eu trabalho como trabalho porque recebo, se muitos vinculam a qualidade do trabalho ao valor que é pago, se o mundo vincula o valor que paga pelo trabalho que recebe, se eu vivo no capitalismo, como fazer de conta que isso não existe? Só na escola mesmo...
Aceito críticas, pois elas sempre me ajudam. Acreditem, não me matam, me fortalecem, sempre. Então, se estiver disposto a argumentar comigo, não espere, faça! Pode ter certeza de que cantarei aos quatro ventos se, juntos, descobrirmos uma forma melhor que essa de também estimular o envolvimento dos pequenos. Não estou dizendo que é a única, mas que é uma forma que encontrei, que mudo todos os anos, de acordo com a turma, com a escola, com as minhas possibilidades, com o entendimento dos pais, das crianças e meu também.

Com as crianças de 5 anos, penso que os presentes não são necessários, um carimbo no caderno, um desenho especial para ela, um "poder ajudar a professora", que lhe garante a responsabilidade de que ela gosta de ter no momento, pode ser bem mais eficaz do que um brinquedo ou um adesivo.


1 comentários:

Jorge Ramiro disse...
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