Ensinar

"Ensinar não é transferir conhecimento..." Paulo Freire

Aprender

"Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses." Sócrates

Conhecer

Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros." Bill Gates
 

quinta-feira, janeiro 31, 2008

Portfolio do aluno

No início do portfólio podemos pedir que o aluno coloque seu nome, sua foto, ou desenho e uma apresentação, que pode ser uma pequena produção escrita, um desenho, uma música, um poema, enfim, algo com que ele se identifique e que considere que poderia representar o que pensa e sente.
Como o portfólio mostra a construção de aprendizagem do aluno, acaba por apresentar também sua formação como ser humano. Essa construção, portanto, é lenta, como a de todo o desenvolvimento do aluno, não se fazendo do dia para a noite, nem estando pronta ou acabada ao final de um ano.
Alguns registros mudarão com o tempo e é importante que os antigos não se percam, não sejam substituídos pelos novos, pois o novo só existe porque houve reflexão sobre o antigo, que não pode, contudo, ser desconsiderado. Deixamos algumas folhas em branco, sucessivas a apresentação, no início do caderno, para que esses novos registros pudessem ser feitos.Fizemos mesmo em caderno, não em pasta.
É recomendável, além de considerar o poder aquisitivo dos alunos, que se converse com os pais e também com a pedagoga da escola. Faça a sua proposta de trabalho por escrito, discuta com eles e peça para que avaliem também por escrito. Anexe a avaliação em seu portfólio (o do professor).
Após a apresentação podem ser colocados dados pessoais da criança, o que auxiliará também na construção de sua identidade. Pode-se colocar o número do sapato, o peso, a altura (que mudarão durante o ano e podem ser registradas novamente – para isso fizemos uma tabela), nome dos pais, cor que mais gostam, brinquedo e comida favoritos, o amigo com quem mais gostam de brincar, o local onde moram (endereço completo), o desenho da casa em uma folha, da rua em outra, o vizinho preferido e colocar o nome dele, dentre outras tantas coisas.
O portfólio auxilia no trabalho com a interdisciplinaridade. Ele é uma forma de avaliar, portanto, antes de pedir para que o aluno escreva o nome, se desenhe, desenhe sua casa, sua rua, seu vizinho, escolhendo o que mais gosta, você precisa trabalhar isso com ele, seja na oralidade ou na escrita.A criança não precisa fazer seus registro direto no caderno. Pode fazer atividades em uma folha e depois colar.
Isso facilitará a compreensão do aluno de que qualquer atividade que considerarem interessante poderá ser anexada no portfólio, ilustrando ainda mais a concepção de construção que o mesmo oportuniza.
Se, em sala, escolhessem alguma atividade para compor o portfólio precisavam escrever ( o que podia ser feito em casa, com ajuda da família ou em sala, com ou sem o meu auxílio ou dos colegas), o porquê que selecionaram aquela atividade, se colocavam por exemplo que era porque tinha gostado, tinham que explicar o motivo. Assim começavam as primeiras reflexões escritas.
No início eu colava as atividades para todos os alunos, por serem pequenos e se mostrarem dependentes. Ia de carteira em carteira, mostrando como se usava a cola, como se fazia a margem, como que eles poderiam cuidar do caderno. Depois eles foram fazendo sozinhos, primeiro com algumas intervenções necessárias, depois, já independentes, eles próprios pediam as orientações que sentiam necessidade.
É percebido, na construção da autonomia, uma relutância de alguns professores, que consideram seus alunos “vazios” de saberes e portanto sentem-se responsáveis por todos os seus atos, como se os pequenos fossem incapazes de caminhar. Claro que a orientação se faz necessária e até alguma intervenção, mas não a ponto de anular a criança como sujeito.Avisei-os antes sobre o que seria aquele caderno, para quê ele iria servir e que poderíamos mostrá-lo para os pais.
Perguntei como eles queriam que os pais vissem o caderno e como a resposta foi um sonoro “BONITO!”, conversamos sobre os cuidados que precisaríamos ter com ele, como estar com as mãos limpas para usá-lo, não deixá-lo sujar, amassar, rasgar, e que precisaria ser e permanecer encapado.
O caderno não ia para casa, entreguei-o apenas no final do ano.São constituintes do portfólio as atividades diagnósticas e avaliativas. Trabalhavamos por exemplo, as vogais, então fazíamos uma atividade sobre elas.
Antes da atividade eu dialogava com as crianças sobre o que estávamos estudando e fazendo, construíamos um texto coletivo e então colávamos um pedaço de papel que explicava o porquê da atividade, o que seria importante para quando os pais fossem olhar e para que nós mesmos víssemos como estávamos aprendendo e mudando constantemente. Por exemplo, “COM ESSA ATIVIDADE AVALIAMOS SE SABEMOS ESCREVER AS VOGAIS, SE CONHECEMOS OS SEUS SONS. AVALIAMOS SE APRENDEMOS A COLORIR BEM BONITO, RESPEITANDO O LIMITE DO DESENHO. TAMBÉM AVALIAMOS SE APRENDEMOS A ESCREVER NOSSO NOME COMPLETO, CONTANDO QUANTAS LETRAS ELE TEM, COM QUAL LETRA ELE COMEÇA E COM QUAL ELE TERMINA.
Às vezes eu digitava o texto e xerocava para que eles colassem no portfólio, outras, escrevia nos cadernos, por fim eles mesmos copiavam do caderno de sala, o que fazia mais sentido diante da proposta de trabalho. Sempre fazíamos as correções antes que colassem a cópia do texto produzido.
Eu corrigia as atividades e, antes de entregar para que colassem, chamava os que tinham tido dificuldades, perguntava se já sabiam o que tinha que ter feito ou lia para eles (para os que não conseguiam ainda ler) o que eles precisavam ter feito e questionava o que precisaria ser feito e como fariam.
Anotava no meu portfólio os nomes dos alunos que ainda precisavam rever o que foi estudado e o comentário deles, para refletir quais seriam as intervenções necessárias e como seriam feitas.
Continuava com a matéria, retomando as atividades que ficaram sem ser compreendidas por algumas crianças, de um outro modo, usando de uma didática diferente. Dava novamente uma atividade avaliativa daquele conteúdo. Às vezes outra, às vezes a mesma.
Só os alunos que tiveram dificuldade com a primeira é que a colavam no portfólio, os outros colavam no caderno de sala, mas todos faziam, assim não havia distinção entre eles e os que já tinham aprendido ajudavam os colegas com segurança, pois já sabiam fazer.
Havia também a possibilidade de avaliar se o conteúdo foi mesmo apreendido por eles, visto que era apresentado de formas diferentes.As atividades contínuas auxiliaram muito nas reuniões de pais. A maioria parou de comparar o filho com o da vizinha ou da prima rica e começaram a comparar a criança com ela mesma.
O portfólio deixa claro o processo de aprendizagem do aluno. Os pais quando percebem isso, ficam gratos, além de acreditarem nas competências dos próprios filhos. Houve pai que chorou ao ver como o filho tinha se desenvolvido. Eles podem observar tudo e se não observam sozinhos eu mesma mostro, chamando-lhes atenção para os mínimos detalhes, a letra, o traço da margem, o uso da cola e sobretudo para as atividades feitas.
Não é só uma questão de saber a matéria, mas de aprender a ser autônomo, a ter criticidade, ser autêntico, organizado, cuidadoso, caprichoso, respeitar a sua própria produção e a do outro, considerando-as como um processo, que tem apenas início, nunca estando pronto ou acabado. Os pais olharam tudo e fizeram uma avaliação por escrito no portfólio.A pedagoga olhava o portfólio com mais freqüência que os pais e fazia anotações que considerasse pertinentes.
É muito importante que ela não faça apenas observações sobre o que precisa melhorar, mas que elogie os avanços, reconhecendo os sucessos que eles alcançaram e os que são capazes de alcançar. Por menor que seja o crescimento da criança aos nossos olhos sabemos que ele foi fruto de muito esforço e dedicação por parte dela e ela precisa saber que reconhecemos isso.
Como professora também fazia anotações para eles.Se alguma atividade da criança for importante para registro em seu portfólio peça à ela para xerocopiar e respeite sua autoria.
Portfólio do professor

Tenho visto alguns professores preocupados em como fazer um portfólio. Na verdade não existe receita, visto que ele é um retrato da construção do que cada um faz, e como o faz, é individual, pessoal e intransferível. Segundo Hernandes (2000) um portfólio precisa conter: artefatos: são documentos produzidos durante o trabalho do curso e vão desde as atividades em sala de aula até os trabalhos realizados por iniciativa própria dos alunos ou por sugestão do professor. As reproduções: são documentos que constituem exemplos de trabalhos, que normalmente não se recolhem em sala de aula, como gravações, impressão de página de Internet, etc. Os atestados: são documentos sobre o trabalho do aluno, preparados por outras pessoas. As produções: são os documentos especificamente preparados para dar forma e sentido ao portfólio e incluem três tipos de materiais: a) explicação de metas; b) as reflexões; c) as anotações. O continente: lugar onde será colocado todo o material produzido. Podendo apresentar-se em caixas, pasta, cartazes, CD-ROM, embalagens de presentes, livros, entre outros. Ele é como um “currículo” (coloco entre aspas porque muitas pessoas já fazem o currículo como portfólio, mas o contexto é diferente e a abordagem também). Imagine o portfólio de uma modelo, ele contém os trabalhos que ela fez, no caso são fotos com poses, ou de propagandas que ela tenha feito. Esse é o trabalho dela, que ela pode mostrar para que outros tenham noção do que ela faz. Mesmo sabendo que ela é modelo e que é fotografada, as pessoas não sabem que tipo de foto ela faz, ou como ela administra seu trabalho, se é comprometida ou somente envolvida com ele, nem se ela fez algum trabalho considerado importante, para alguma empresa de renome, ou mesmo um trabalho de cunho social. Só saberão isso vendo o portfólio dela, que comprovará com imagens e/ou documentos, tudo o que ela disser sobre si.Nós professores, fazemos inúmeras atividades no decorrer do ano, mas podemos perdê-las ou desconsiderá-las pela falta do registro. Sinto que alguns educadores que não estão acostumados a escrever, ou mesmo a organizar a sua vida profissional, fazendo planejamentos, por exemplo, têm agora muita dificuldade em sistematizar o que fazem. Sentem medo, mais pela falta de costume, penso eu, do que pelo desafio em si, e encaram o portfólio como mais uma coisa a ser feita. Não é! Ele é uma sistematização, uma organização do nosso trabalho. Quem tiver acesso à ele, assim como no da modelo, terá uma idéia mais concreta de como trabalhamos de fato. Além disso, e o mais importante, é o portfólio ser, além de um instrumento de avaliação de nossos alunos, um meio que nos proporciona a reflexão sobre nossa própria prática, podendo tornar-se também um instrumento de valorização do nosso trabalho e conseqüentemente de nós mesmos.É impossível entender o portfólio sem compreender a concepção de avaliação que ele carrega. Ele permite que, através de reflexões, o professor avalie constantemente sua postura, sua prática, as atividades que propõe e as ações que realiza, buscando qualidade e coerência em suas aulas. Um professor transmissor de conhecimentos, terá um amontoado de papéis, com inúmeras ações e uma prova ao final desse processo de guardar "provas" daquilo que fez e daquilo que o outro "necessitaria ter feito e não fez". O portfólio permite irmos muito além de condensar dados. Algumas vezes na correria do dia-a-dia, mesmo se tivermos uma concepção construtivista, podemos amontoar papéis, que até tiveram uma boa intenção ao serem planejados e aplicados, mas que ficam obsoletos, presos a nossa falta de tempo, de refletir sobre eles e com isso repensar nossa prática, ensinando nossos alunos a fazer o mesmo, mediando a construção do seu aprendizado, da sua criticidade e da sua autonomia. Podemos, com o portfólio, avaliar esse processo de construção, contando não só com uma folha de papel, onde eles iriam depositar o que deveriam ter aprendido. Sabemos que avaliar assim restringe e desconsidera o conhecimento do aluno. Até mesmo porque fomos avaliadas assim, quando na escola, enquanto alunas e muitas vezes sabíamos tudo, até que o “branco” aparecesse e simplesmente apagasse o que tínhamos guardado na memória. Sem contar as vezes que esquecíamos tudo "o que tínhamos aprendido"após "vomitarmos" o conteúdo na folha. Éramos sim belas "cabeças-bem-cheias", repletas de um saber que não nos era útil, senão para a prova.Seu portfolio é construção sua, e você decide, junto a pedagoga da escola em que leciona, o que irá colocar, o que irá lhe auxiliar na construção da sua aprendizagem, para que você possa também auxiliar seus alunos. Procure fazer tudo na medida em que aconteça, não deixe que as experiências se acumulem, seja organizada. Muito do que você poderá colocar nele também poderá ser feito junto com os alunos, com os pais, com a pedagoga, com seus colegas de trabalho. DICA: Não se permita ter um final de ano conturbado. Não se sobrecarregue com o acúmulo de funções por não conseguir dizer não. Todos merecem crescer e aprender, deixe que o outro faça o que lhe é devido. Lembre-se de que ajudar é ensinar a fazer e não fazer para o outro. Além disso só aprendemos a fazer, fazendo. Passo-a-passo Coloque sua apresentação, uma foto sua com um texto falando sobre você. Considerando o portfólio do profissional docente, faça um texto referente a você enquanto profissional, os cursos que fez, onde já trabalhou, aquilo em que acredita, no que seu trabalho se fundamenta, quais são suas angústias profissionais, suas esperanças e como fará para alcançá-las. O histórico e o patrono da escola onde está atuando. Seu planejamento anual. Avaliação diagnóstica de seus alunos. Coloque um modelo, que não precisa estar respondida, os dados que obteve e uma análise a partir deles. Quem precisa aprender o quê, quem já sabe o quê, algumas estratégias que você pensou, se precisará de alguma intervenção (qual?), se conversou com a pedagoga a respeito, dentre outras informações que considerar relevante. Como aquela ficha que preenchemos no final dos bimestres, onde anotamos o conteúdo dado, os objetivos que pretendíamos alcançar com a turma, o conceito dos alunos, e as intervenções feitas. Você poderá usar a mesma ficha para todas as avaliações, afinal o portfólio não exclui outras formas de avaliação. Se possível, peça à pedagoga que assine as sínteses e/ou relatórios das reuniões que vocês fizerem ao longo do ano e anexe ao seu portfólio. Sobre o conselho de classe, basta anotar o que foi acordado e citar a data e talvez o número da página do caderno de ata. Seu planejamento diário pode fazer parte do portfólio. Mediante as avaliações feitas no decorrer do ano, sejam elas atividades ou provas, você pode anotar as mudanças que serão feitas no plano anterior, para atender as necessidades de sua turma. Além disso, pode-se também registrar fatos alheios a sua vontade que impediram algum planejamento de ser feito. Por exemplo, se iam sair e choveu, você registra que não foram e porquê. Se alguma criança se machucou ou passou mal e você teve que dedicar um tempo maior a ela. Se sua aula foi interrompida inúmeras vezes, por conta de bilhetes para receber e entregar, ou recados para ler e assinar. Você pode elaborar uma ficha, ou utilizar algum registro que a escola já possua, para anotar os alunos que se desenvolvem mais facilmente, ou os que apresentam alguma dificuldade, acompanhando suas atitudes, seu interesse, as dificuldades que apresentam, registrando as providências que foram tomadas (atendimento aos pais, atividades diferenciadas, monitoria, intervenção da pedagoga, encaminhamentos, dentre outros). Você pode colocar também uma ficha, onde anotará os alunos que não fazem as tarefas, que não participam em sala de aula ou os que participam e atendem suas solicitações. Anotar as dificuldades dos alunos e as suas em lidar com elas proporciona uma facilidade maior em refletir sobre as intervenções necessárias. Projetos e/ou atividades extra-classe que forem desenvolvidos durante o ano, relatórios desses projetos com avaliação final. Essa avaliação pode ser só sua, sua com os alunos, sua com todos os envolvidos – pais, funcionários da escola e alunos. Coloque também fotos legendadas do projeto e/ou das atividades. Se houver atividades escritas dos alunos sobre o projeto, você poderá xerocar algumas para o seu portfólio. Certificados de cursos, oficinas, palestras, dentre outros que você participou e/ou ministrou, junto com reflexões sobre os mesmos. Na reflexão você faz suas considerações, o que foi bom, o que pode melhorar, relacionando-os com sua prática. Não se trata de apenas um relato. Você conta como foi e também pensa sobre como foi, o que você viu e/ou ouviu que pode ser útil para sua prática. Algumas vezes, e infelizmente, observamos situações que nos ensinam como “não fazer”, temos que ter ética para colocar essas observações no papel, podemos falar do acontecido sem expor as pessoas. Não precisam ser textos longos. Por vezes basta uma pequena nota. Portfólio não é quantidade, e sim qualidade. Textos que você leu ao longo do ano, que te auxiliaram na elaboração de suas atividades/projetos/planejamento, com reflexões feitas sobre eles, de como eles lhes foram úteis. Pauta das reuniões de pais, listas de presença, anotações que os pais fizeram. Você pode pedir que os pais avaliem as reuniões, digam sobre o que querem saber (além da “nota” do filho), coloquem suas dúvidas, sugestões, para que possam ser trabalhadas numa próxima reunião. Assim você pode levá-los à escola para saber mais sobre coisas que lhes interessam e que dizem respeito a seus filhos, mas sem correr o risco de chamar aquele pai que vai apenas para ouvir que o filho tem precisa melhorar. Você pode pedir que sua pedagoga acompanhe a construção do seu portfólio, orientando, por escrito, como você pode melhorá-lo. Além disso, esses registros que ela produzirá, são alguns dos atestados que você necessita anexar no portfólio, afinal são necessários partilha e confronto de saberes para se construir conhecimento. Selecione todo o material que você irá colocar no portfólio. Não precisa colocar tudo o que você fizer. Tenha uma seqüência de registros. Uma intervenção, por exemplo, não pode vir antes da avaliação. Se você decidir, portanto, mudar uma forma de explicar um conteúdo, ou alguma atitude sua dentro de sala, essa mudança estará embasada em algo que aconteceu anteriormente, em um estudo feito, em uma reflexão acerca desse estudo e de sua relação com o ocorrido. Os registros precisam estar na mesma ordem em que ocorrerem, para serem coerentes.
Bom trabalho!
A CRIANÇA DE SEIS ANOS


Segundo Geisell, as características da criança não devem ser vistas como normas rígidas ou modelos. São apenas exemplos de como a criança nessa idade pode se comportar. “Cada criança tem um esquema pessoal de desenvolvimento, que é único”.
Seis anos é uma idade de transição, que começa aos cinco anos e meio. A criança sofre modificações fundamentais, somáticas, químicas e psicológicas. Começam a cair os dentes de leite, romper os primeiros molares permanentes. Sentem-se orgulhosas de perder os dentes e acreditam nas fadas e nas brincadeiras que se fazem com eles. Ela não é uma criança de cinco anos crescida e melhor, é uma criança diferente, uma criança em transformação. Transformação essa que se equivale à erupção de seus molares. Nela surgem novas propensões, impulsos, sentimentos e ações, devido a modificações profundas que estão ocorrendo no desenvolvimento do seu sistema nervoso. Submetida a mais leve tensão, essa criança pode apresentar comportamentos extremos. Ela reage a tudo com muita energia. Chora muito ou ri muito e muda de um para o outro, voltando para o primeiro. Eu te amo e eu te odeio andam cirandando de braços dados nessa fase. É enfim, uma criança impulsiva, diferente, volúvel, dogmática, compulsiva e excitável. É espontânea e precisa de orientação.
Toda escolha é muito difícil e mesmo depois de feita, não é definitiva. Ela manifesta bipolaridades de maneiras muito diversas, saltando de um sentimento, ou ação para o oposto rapidamente. Parece mesmo que para definir o que não quer, ou não pode fazer, precisa antes fazê-lo.
Suas decisões se baseiam no “código de Talião” – “Olho por olho, dente por dente!”. Você me ajuda e eu te ajudo, você me bate e eu te bato. Simplesmente assim. A nós adultos, cabe lhe desencorajar as atitudes irresponsáveis, reconhecendo que esses impulsos agressivos são experiências novas para ela. Podemos dizer-lhe que está agindo mal, mas não adianta perguntar-lhe porque fez isso ou aquilo, pois ela não saberá responder. Ela precisa de orientação e do comando da autoridade adulta.
Quer sempre ser a primeira, quer sempre ganhar e quer que gostemos mais dela do que das outras crianças. Suas maneiras são geralmente breves: “Obrigado”, ou “Dá licença”, mas nada de formalidades, pois ela não consegue abstraí-las.
Na escrita, tende a fazer as letras viradas. Os pares são seus preferidos, dois é melhor do que três. Brinca melhor com um colega do que com dois.
É nessa idade, de seis anos, que a criança mostra-se mais interessada em festas. O que não significa que se comporte nelas como os adultos esperam.
A professora que a entende bem, interpretando sua energia como sinal de um processo de crescimento, pode orientá-la melhor, fazendo da sala de aula um ambiente harmonioso, onde a criança se sentirá segura.
A dramatização que a criança faz é um mecanismo natural, perante o qual a criança organizar seus sentimentos e pensamentos. Ela está na idade do concreto, identifica-se com tudo o que está ao seu redor, com as figuras e letras, com os números e sente necessidade de projetar suas atitudes mentais e motoras em situações de sua vida cotidiana. A escola precisa, portanto, favorecer-lhe a organização simultânea de suas emoções e aprendizado. Essa criança não aprende decorando, mas participando de atividades criadoras. Assim, ela gosta de jogos representativos, dramatizações (que não são meras pecinhas de teatro adaptadas para sua idade), imitações, desenhos e montagens. Sua mente ainda não está preparada para o ensino formal da leitura e da escrita, nem da matemática. Essas matérias precisam lhe parecer vivas, associadas com criatividade e experiências motoras vividas.
Uma professora cordial lhe dará confiança no mundo. A criança de seis anos gosta de rotinas sociais, gosta de ritos e convenções, em cuja repetição diária possa confiar, podendo até demonstrar desgosto se a professora mudar o jeito de prender o cabelo. Pode ser que, por fazer constantes descobertas, anseie por ter alguns pontos fixos em sua mente.
Ela está se ajustando em dois mundos, o de casa e o da escola. A transição do mundo familiar para o escolar é tão sério que pode chegar a provocar verdadeiras cólicas e reações emocionais sérias. Deixa a mãe na porta da escola, um conversa da mãe com a professora, a troca de professores, uma visita inesperada da mãe fazem sofrer as crianças, ainda mais se forem imaturas e sensíveis. Se a professora tem personalidade seca e severa, se tem métodos disciplinares e pedagógicos rígidos e dão importância demais ao ensino acadêmico, a competição e aos resultados dos alunos, só atrapalhará a vida desses pequenos.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Caderno de Registros

Sempre faço um caderno de registros no início do ano. Coloco nele:

O nome dos alunos completo,
Uma tabela com:
os primeiros nomes,
data de nascimento (o que é muito importante, já que algumas crianças não sabem a data do seu aniversário),
filiação,
endereço,
telefone (residencial, celular e do trabalho)
o nome de dois responsáveis ( para o caso de não conseguir falar com um, poder tentar o outro),
em caso de emergência quem devo avisar,
se a criança tem alguma alergia
a assinatura dos responsáveis. Considero importante a assinatura, para conferir em caso de dúvida, em alguns bilhetes que enviamos ao decorrer do ano.

Sempre verifico os dados com a pasta dos alunos na secretaria da escola. Constatei esse ano que alguns pais não sabiam a data de nascimento correta dos filhos, outros não assinam corretamente. A lista dos meses com os nomes dos aniversariantes. Isso me ajuda a lembrar o aniversário das crianças, pq faço um cartaz anual com os nomes. Assim, nenhum aniversário passa em branco. O que seria terrível para os meus pequenos.

O controle da lista de material... quem trouxe o quê.Uso apenas quatro cadernos no início do ano. Um Para Casa, um de Sala, outro de Leituras e um outro para colarmos as atividades avaliativas, como um portfólio. Então guardo todos os cadernos no armário da sala e entrego para os meninos conforme a necessidade.

Avaliações diagnósticas:
Uma tabela com o nome da criança, onde marco se ela soube o nome completo, a idade, o dia do aniversário, se o dia do aniversário é o dia que nasceram, o endereço, o telefone, o nome completo dos pais e o que ela quer ser quando crescer. Essas informações serão úteis ao longo do ano. Além disso utilizo essa atividade para saber o que elas já sabem sobre os seus dados pessoais. Durante o ano essa atividade deve se repetir, para verificar que as crianças adquiriram novos conhecimentos acerca das informações, se alguma mudou e ainda se agora sabem o que antes não sabiam.

Anotações sobre:
o nível de leitura e de escrita em que as crianças se encontram, se compreendem as diferenças existentes entre os sinais do sistema de escrita alfabético-ortográfico e outras formas gráficas e sistemas de representação, fazendo distinção entre desenho, letra e número, acentos e sinais de pontuação e outros sistemas de representação. Se conhecem o alfabeto e os diferentes tipos de letras, se dominam as convenções gráficas da escrita, se reconhecem palavras e unidades fonológicas, se dominam a natureza alfabética do sistema de escrita, se é capaz de compreender globalmente o texto lido identificando o assunto principal se identifica diferentes gêneros textuais, o suporte ao qual é vinculado e se é capaz de localizar informações nesses. Se formula hipóteses sobre o conteúdo de um texto e se sabe escrever algumas palavras de cor, dentre elas o próprio nome, até que número conseguem contar, se faz relação de número e quantidade, se consegue seguir sequências, se tem domínio das noções topológicas, lateralidade, coordenação motora fina e ampla, percepção visual e auditiva, esquema corporal.

Fichas para anotar:
tarefa,
leitura,
comportamento,
os livros de leitura que levam para a casa,
as atividades com o calendário (se identificam o dia do mês, de hoje, amanhã, ontem, o dia da semana, o mês e o ano),
as atividades de Artes,
quem precisa melhorar a letra,
quem precisa melhorar a escrita do nome,
ditados,
apresentação das atividades em sala.

Como não recebemos muitas informações pelas crianças e os pais nem sempre comparecem as reuniões, pego na secretaria da escola a pasta com os dados dos meninos e anoto o que preciso no caderno de registros. Assim garanto ter as informações de que preciso, além de ter acesso as avaliações feitas pelos professores anteriores, registrando então algum dado relevante para esse ano e sabendo ainda quais foram os professores deles no ano anterior, se estudaram em outra escola, etc.
Puxa gente, fico triste. Não é bronca, é mais um pedido.
POR FAVOR, NÃO COPIEM OS DESENHOS...
SALVEM eles em seu computador.
Se continuarem tirando as coisas daqui, serei obrigada a bloquear a cópia e realmente não gostaria de fazê-lo.

domingo, janeiro 27, 2008

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

De acordo com o mesmo documento do Mec:


"Uma questão essencial é a organização da escola que inclui as crianças de seis anos no Ensino Fundamental. Para recebê-las, ela necessita reorganizar a sua estrutura, as formas de gestão, os ambientes, os espaços, os tempos, os materiais, os conteúdos, as metodologias, os objetivos, o planejamento e a avaliação, de sorte que as crianças se sintam inseridas e acolhidas num ambiente prazeroso e propício à aprendizagem. É necessário assegurar que a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental ocorra da forma mais natural possível, não provocando nas crianças rupturas e impactos negativos no seu processo de escolarização.
A partir do exposto, torna-se importante ressaltar alguns aspectos referentes à
responsabilidade dos sistemas de ensino, das escolas e dos professores ao proceder à ampliação do Ensino Fundamental.
Recomenda-se que as escolas organizadas pela estrutura seriada não transformem esse novo ano em mais uma série, com as características e a natureza da primeira série. Assim, o Ministério da Educação orienta que, nos seus projetos político pedagógicos, sejam previstas estratégias possibilitadoras de maior flexibilização dos seus tempos, com menos cortes e descontinuidades. Estratégias que, de fato, contribuam para o desenvolvimento da criança, possibilitando-lhe, efetivamente, uma ampliação qualitativa do seu tempo na escola."

COMO É O PROFESSOR DA TURMA DE 6 ANOS
De acordo com o documento do MEC, que orienta o Ensino Fundamental de nove anos (pág 24), o professor das crianças de seis anos que ingressam no Ensino Fundamental, precisa estar sintonizado com os aspectos relativos aos cuidados e à educação dessas crianças, ser portador e estar receptivo ao conhecimento das diversas dimensões que as constituem no seu aspecto físico, cognitivo-lingüístico, emocional, social e afetivo.
Quais os conhecimentos necessários ao desenvolvimento desse
trabalho?
Ele precisa ser ciente de que seu trabalho docente requer um continuado processo de formação, desenvolvendo atitudes investigativas, de alternativas pedagógicas e metodológicas na busca de uma qualidade social da educação.
Não há nenhum modelo a ser seguido, nem perfil ou estereótipo profissional a ser buscado. Entretanto, como analisa Ilma Passos Alencastro Veiga, “o projeto pedagógico da formação, alicerçado na concepção do professor como agente social, deixa claro que é o exercício da profissão do magistério que constitui verdadeiramente a referência central tanto da formação inicial e continuada como da pesquisa em educação. Por isso, não há formação e prática pedagógica definitivas: há um processo de criação constante e infindável, necessariamente refletido e questionado, reconfigurado.
A criança de cinco anos






Lembrando que esse estudo refere-se as idades, mas não tem a pretensão de "encaixar" as crianças em nenhuma dela. O tempo de maturidade nem sempre corresponde ao cronológico.






Bibliografia: GESELL, Arnold. A criança dos 5 aos 10 anos. Publicações Dom Quixote. Editora Império. Lisboa/Portugual. 1977.





A fase dos cinco anos é uma fase também chamada de período nodal, no qual todas as linhas convergem para se organizarem para uma nova arrancada, que começará mais ou menos aos cinco anos e meio. Esse é um período de assimilação e organização do desenvolvimento, que é comparável, na infância, ao dos 28 dias, dos 3 anos e dos 10 anos. Já as idades de 4, 6 e 8 anos, são períodos de impulsos de fermentação e expansão do desenvolvimento. Todos esses períodos são facilmente observados, mas no que condiz ao equilíbrio dos mesmos com as faixas etárias, podemos considerá-los matizes do desenvolvimento, pois eles se mesclam entre elas. Só podemos apreciar inteiramente a psicologia da criança se pensarmos nela como uma unidade total, como sujeito, se a separarmos por partes, por idades, ela apaga-se, deixa de ser pessoa.
A criança de cinco anos já dá sinais do homem ou da mulher que será. Suas capacidades, dons, qualidades e maneira própria de enfrentar as exigências do desenvolvimento já aparecem de forma clara, pois ela já tem marcada a sua individualidade.



Contenta-se em organizar as experiências que colheu um tanto ao acaso e sem grande reflexão durante seus 4 anos. Precisa de tempo para consolidar seus ganhos, antes de lançar-se a outras explorações. Mas ainda questiona sobre o que não conhece, “Para que é isto?”, “Do que isto é feito?”, “Como é que isso funciona?”. Penso que esse é um movimento pendular muito sábio, o de ter hora de viver e hora de pensar a vida. Pena que esquecemos disso quando crescemos e vamos indo num eterno “só fazer”. Pior ainda são os adultos professores que acabam se esquecendo, ou desconhecem essas fases de desenvolvimento humano e tentam levar os estudantes junto na sua “rodinha de hamster”.



É comedida, vive em termos a mais amigáveis e familiares com o seu ambiente, sendo de certo modo, uma criança caseira. Vê o lar como uma instituição complexa que solicita e recompensa a sua atenção. Passa horas brincando de casinha, de situações domésticas, pois sente necessidade de tornar mais familiar o que já lhe é, uma vez que esse mundo ainda lhe é novidade.
Sente prazer ao ouvir sua mãe lhe contar histórias de quando era criança, fala com irmãos menores em linguagem de bebê. Isso a ajuda a libertar-se da infância e identificar-se mais com o ambiente atualmente imediato.



O mundo dessa criança é o mundo do aqui-e-agora, com o universo centrado na mãe. Apega-se a tudo o que é seu, sua cadeira, sua sala, seus amigos, seu brinquedo preferido e sua professora. Tem dificuldade em tolerar a escola, pois está no seu período de “ruminação” e não tem vontade de enfrentar o desconhecido. Mostra intolerância ao excesso do maravilhoso e por contos de fadas em excesso. Lida melhor com a realidade do que com o imaginário. É mais objetiva do que romântica, por isso os contos de fadas, com excessivas fantasias a aborrece e a deixa confusa.

Para a criança de 5 anos algo é o que é e serve para o que serve. Por exemplo, um caderno é um caderno e serve para escrever. É empírica, ou seja, baseia-se na experiência e não na teoria, no conhecimento e não no estudo. Desenha o corpo humano com todas as partes – cabeça, tronco, membros, nariz e olhos, podendo até já fazer os dedos das mãos, pois já os conta. Pode copiar um quadrado, letras maiúsculas – bastão, podendo identificá-las muito de perto com alguma pessoa que conheçam ou algum objeto, cria uma espécie de personalidade para as palavras. É muito inocente em relação a coisas de causa e lógica, dizem, por exemplo, que “São Pedro está lavando o céu”, ao invés de pensar que “está chovendo”.
Suas relações com o meio são bastante personalizadas. Tem muito orgulho em possuir suas coisas, principalmente as que gosta mais, e um forte sentimento de posse em relação à elas.
Não está madura ainda para abstrair conceitos, tendendo a ser realista, concreta, referindo tudo a sua pessoa, sem se mostrar agressiva.
Não é propensa a extravagâncias, nem muito exigente. Gosta de fazer as coisas dentro do domínio de suas capacidades, pedindo ajuda dos adultos quando sente que precisa dela. Gosta de pequenas responsabilidades e direitos que dão conta de realizar. Dessa forma, atividades que não lhe exijam que ultrapassem, em muito, seus limites, lhe são mais favoráveis ao desenvolvimento. Quando se sente pressionada demais pode reagir com explosões de resistência ou ressentimento, mas logo se recompões. Possui um fundo de seriedade, pensa antes de falar, sendo mais ponderada do que quando tinha 4 anos.

A criança de 5 anos tem senso de humor e pode mentir sobre o que faz, se divertindo com isso. Contudo são mentiras inocentes. Se lhe perguntam, por exemplo, se ela fez o dever, pode RESPONDER QUE NÃO O FEZ E QUE NÃO O DESEJA FAZER, JÁ TENDO-O FEITO TODO.


Gosta de se adaptar à cultura em que vive. Gosta de se submeter a convenção social, de pedir licença e de esperar que a concedam. Assim, é uma ÓTIMA FASE PARA QUE APRENDA A FAZER USO DAS “PALAVRINHAS MÁGICAS” E DE ATITUDES ACEITAS E COBRADAS SOCIALMENTE. Sua atividade espontânea tende a ser bem controlada. Busca a orientação e o apoio dos adultos. Aceita ajuda de um adulto no que lhe é ainda pouco conhecido. Gosta de ser ensinada, para sentir o prazer do êxito e da aprovação social. Isso não significa entretanto que seja altamente sociável. Encontra-se mergulhada em seu mundo de uma forma que não consegue, por conseguinte, perceber o outro.


TRABALHA EM GRUPO COM NO MÁXIMO TRÊS PESSOAS e as orienta para atingir seus objetivos pessoais. Meninos e meninas se dão muito bem, não fazem separação, nem competição entre os sexos. Como não é muito agressiva, nem aquisitiva, entende-se bem com o grupo.
Tem certa noção de tempo, de ontem e de amanhã, mas compreende melhor o “eu” e o “agora”, do que o “outro” e o “daqui a pouco”, ou “depois”.


Consegue distinguir em si mesma a mão direita da esquerda, mas ainda não o faz no corpo do outro. Embora goste muito de atividades motoras violentas e de subir nas coisas, mostra compostura quando está em pé ou sentada. Tem uma harmonia de movimento, coordenação motora fina e grossa em profundo desenvolvimento.

A criança de 5 anos...

Não consegue pôr de lado seu ponto de vista para tentar compreender o do outro. Tem noção de vergonha e de afronta e busca a simpatia e o aplauso. O REFORÇO POSITIVO É BEM-VINDO AQUI.
Gosta de levar para casa qualquer coisa que tenha feito na escola.
É um grande conversador, tem um vocabulário acrescido do que o que tinha aos 4 anos e libertou-se em grande parte da linguagem infantil, emprega com mais propriedade as conjunções quando conta algo. Já consegue contar histórias inteiras, podendo exagerar, mas não inventa com muita fantasia. Serve-se das palavras para clarificar a infinidade de coisas do mundo em que vive, é talvez mais na linguagem do que em qualquer outra área do comportamento que mostra uma leve tendência para sair fora dos limites, o que a ajudará a se desprender da mãe e do ambiente a que está ainda agarrada.
Ela está se ajustando e confia nos outros. Não deixa de ter suas ansiedades e receios, mas normalmente esses são concretos e temporários. Apresentam por vezes, medo de trovão, de escuro e de criaturas fantásticas. Tem medo de ficar sozinha, algumas chegam a ter surtos de medo e pânico se a mãe a deixa sozinha, ou se ela não está presente quando acordam.
Sonham freqüentemente e são propensas a ter pesadelos os quais tem mais animais horríveis e monstros do que pessoas.
Somaticamente encontra-se em equilíbrio, psicologicamente à vontade, pois sente-se bem consigo própria. Normalmente não faz birras exaltadas, quando muito batendo o pé quando não quer algo.

Letras e números

A criança de 5 anos gosta que leiam para ela, embora ela também goste de folhear livros e revistas. Gostam mais de histórias de animais do que de pessoas. Mas também gostam de livros que contem coisas sobre a vida das crianças.
Tem interesse em copiar números e letras. Gosta de participar de jogos simples que os envolvem.
Brincadeiras

Normalmente a criança gosta muito de brincar, e brinca bem, pois como tem domínio maior do próprio corpo, consegue fazê-lo sem a ajuda dos adultos.
Gosta de pintar, desenhar, colorir, modelar massas, montar quebra-cabeças, cortar e colar. Gostam muito dos blocos de montar. Gostam de fazer casas.
Gostam de bonecas, pelo interesse nos bebês e de brincar de casinha. Gostam de imitar a vida doméstica, os pais, as atividades da rotina da casa, como atender ao telefone, lavar roupa, fazer comida, ir às compras, cuidar de uma pessoa doente.
O que não é só das meninas, embora os meninos gostem mais de brincar de guerra e com ferramentas pelo prazer de montar e desmontar coisas.Gostam de patins, de bicicleta e de triciclo. Gostam de balanço, de subir em lugares altos, de saltar, de pular corda e de brincar de se equilibrar.
Relacionamento

É muito afetuosa com a mãe e sente muita vontade de agradá-la. Embora também seja essa o alvo de suas explosões emocionais.
O pai também é precioso, mas é raro que seja o preferido. Tem orgulho do pai, pode até obedecê-lo mais do que à mãe, mas não lhe tolera tão bem as broncas e os castigos, como faz com a mãe.
Revela maior capacidade para brincar com as outras crianças na escola e com os irmãos, sejam eles mais novos ou não. Mas, prefere brincar com crianças da sua idade.
É menos mandona e gosta de crianças mais novas. Entretanto as brincadeiras, sobretudo as de dentro de casa precisam ser observadas e orientadas, pois elas apresentam rompantes de ciúmes. Como ela se dá muito bem com os irmãos menores, os pais podem não perceber como eles podem ser cansativos para ela.
O sexo

Não tem muita curiosidade sobre o sexo. Seu principal interesse é o aparecimento dos bebês e aos próprios, chegando a se mostrar maternal com eles. Tem vontade de saber que o bebê cresce dentro da barriga das mães, mas não tem muita curiosidade em saber como ele foi parar lá. Algumas pensam que eles vieram do hospital, outras repetem o que lhe explicam, sem maiores preocupações.
Algumas meninas chegam a perguntar como o bebê sai da barriga das mães. Gostam de falar e ouvir sobre quando estavam na barriga da mãe e perguntam se ela se lembra disso, outras pensam no futuro e falam de como será quando tiverem o seu bebê, chegando a dramatizar um parto, como pensam que ele é, brincando com a boneca.
É comum as crianças dessa idade brincarem mostrando órgãos genitais à outras crianças, mas têm vergonha de despir-se na frente dos adultos. Algumas querem brincar de ser o sexo oposto, outras afirmam o seu, negando brincar com objetos que lembrem o outro sexo.
Eu

A criança de 5 anos tem maior domínio de si mesma do que o tinha aos 4. Está bem consciente da sua capacidade de assumir responsabilidades e de se comportar como as pessoas adultas, mostrando seu amadurecimento.
É tímida em um primeiro contato, mas lentamente estabelece relações. Tem necessidade de se programar para o que vai acontecer, podendo ficar pensando nisso por horas, ou dias e fazer perguntas, ou falar, sobre a situação que está por vir.
Sente-se plenamente segura em suas relações com a mãe, como se fosse ela. Vive numa relação de mútua dependência com ela, a obedece, gosta de lhe agradar, de lhe ajudar e de mostrar educação, mesmo quando não é necessário.
Tem boa memória do que já passou. Pode dar grande valor aos acontecimentos como o faz com suas coisas. Vive no mundo do aqui e agora, seu interesse nele é limitado pelas suas experiências imediatas, gostam de se sentir seguras.
O equilíbrio da criança de 5 anos é estável devido à harmonia do que ela vive e de suas necessidades. Faz parte do seu meio e o meio faz parte dela. Tem prazer em ajudar a mãe, gosta de ser agradável e de fazer as coisas como lhe dizem que precisam ser feitas (cuidado para não tolher a criatividade dos pequenos).
Não contesta mais tanto com não-queros, como o fazia com 4 anos, mas pode hesitar entre recusar e aceitar. Pode negar-se a fazer coisas por não se sentir capaz de fazê-las, ou por estar muito ocupada com outra coisa. Se lhe prometem uma recompensa, normalmente atendem prontamente.
Gosta que a elogiem, mas não precisa de tantos elogios como precisará aos seis. Pede sempre licença para fazer algo e diz o que vai fazer.
Tomam decisões, mas escutam explicações e podem mudar de opinião.
Embora seja naturalmente educada ainda não distingue o que está certo do que está errado, não tem preocupações com sua conduta, ou pensa apenas nas suas relações praticas com outras crianças. Certas crianças magoam-se profundamente se a chamam de má, o que lhe é pior do que apanhar ou ficar de castigo e ficam muito envergonhadas.
Se faz algo que não devia fazer, ou não queria, ou não tinha intenção de fazer, pode colocar a culpa em outra pessoa, objeto ou animal, normalmente o que estiver mais perto dela. Pode até colocar a culpa na mãe, dizendo-lhe “Olha o que você me fez fazer!”.
Em geral é verdadeira no que diz. Pode pegar algo que não é seu, pelo prazer de tê-lo, mas devolve prontamente se lhe for pedido.
Pode inventar histórias sobre si mesma, para sua defesa, mesmo que sejam estranhas.
Algumas crianças pensam que Deus podem ver tudo o que fazem. Fazem perguntas sobre ele, se é homem, com quem se parece, onde ele vive, o que ele faz. Pensa que se as pessoas vão para o céu depois que morrem, por que não caem de lá. Mas não se preocupa muito com a morte. Não concebe a idéia da própria morte e quando brinca de guerra, por exemplo, finge-se de morta sem problema.

Medos


Não é muito medrosa. Não se assusta mais com histórias de monstros e bruxas, pois essas não lhe parecem reais o suficiente para causar-lhe medo. Assusta-se com trovões, chuvas fortes e escuro. Também tem medo de ficar sozinha e de perder da mãe. Na escola sente medo que a mãe a deixe e não volte para buscá-la, ou que ela não esteja em casa quando voltar dos estudos, por isso choram bastante. É necessário que ajudemos a criança a superar seu medo. Podemos convencê-la de que será protegida por outra pessoa enquanto estiver na escola, ou sugerir que possa ligar para a mãe se tiver vontade.
À noite os medos crescem, por conta do escuro. Gosta de ficar com uma luz próxima acesa e a porta do quarto entreaberta.

Expressão emocional


A criança de 5 anos sente-se mais confortável em casa, de preferência onde sua mãe possa lhe ver ou ouvir. Gosta de ajudar, cooperando verdadeiramente, mas não faz nada sem pedir. Se tinha ciúmes do irmãozinho mais novo, esse agora não se faz mais presente.
Sabe esperar por algo que vai acontecer, se esse algo não for demorar logo, ou se lhe prepararam para ele. Caso contrário, pode ter o sono e o apetite perturbado, além de ficar nos extremos, ou quieta demais, ou agitada demais.
Tem vontade de atender o telefone.
Há nessa fase um domínio da inibição positivo para a criança, que começa a ter confiança em si mesma, podendo fazer suas escolhas. No entanto é um pouco dogmática, de maneira que, no seu mundo há uma só forma de se fazer algo, e só uma resposta para determinada questão. Essa característica é temporária e muito útil ao seu desenvolvimento. Se a contradissermos, discutirá conosco, tentando nos convencer do seu ponto de vista, o tempo que for necessário para ela. Se insistirmos, pode chorar e se zangar conosco.
Se lhe dão bronca, normalmente chora.
Tem dificuldades de mudar o rumo das coisas no meio do caminho. Prefere recomeçar.