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Acabar com a redação?

sábado, janeiro 17, 2015


“Eu fico abismado com a facilidade com que pessoas desinformadas chegam a certezas, a opiniões inflamadas quando não têm qualquer base para julgarem.” William Golding



"A educação é o futuro da nação"

O colunista da Folha de São Paulo, Hélio Schwartsman, publicou no dia 16/01, última sexta-feira, um artigo que defende a eliminação do Enem, como ele é feito atualmente, limitando-o a testes objetivos.
A não realização da produção textual, por mais da metade dos alunos e menos de 9% que zeraram a nota, aguçaram críticas ao exame. Não é pouco, concordo. Não dá para fazer de conta que nada aconteceu. Mas retirar a redação do Enem é uma medida extremista e dissociada do que se espera de um ensino de qualidade.

Hélio diz que compreende “ a atração que a prova dissertativa causa no público em geral e nos pedagogos em particular. Em teoria, não há nada melhor do que uma redação para avaliar o estudante.” E eu questiono... a capacidade de argumentar seria então um desejo dos professores e do público, ou uma das necessidades para exercer a cidadania em seus plenos direitos e deveres? E ainda, o colunista afirma que o preço a se pagar pela dissertação é a correção objetiva impossível da mesma, pela quantidade de textos produzidos e que sem a redação, “o Enem seria mais justo, mais estável, mais barato”, não haveria necessidade de contratar revisores e o resultado seria mais rápido! 
De acordo com o filósofo (pasmei!), a retirada da redação não causa perda nula, mas “é administrável”, pois não significaria a “morte da escrita” e argumenta que “o desempenho em testes de múltipla escolha e a capacidade de expressão verbal” são correlatos à produção escrita de forma significativa, tornando a dissertação desnecessária.

Luiz Carlos de Freitas, professor da Unicamp, escreveu sobre o assunto em seu blog e define a postura do filósofo como um defensor da “Lei de Gérson”, caracterizando essa proposta como um “nivelamento por baixo”.

Como se fosse pouco, José Reinaldo Azevedo e Silva, jornalista político, colunista da revista Veja, afirma em seu blog, referindo-se à forma como os professores trabalham a dissertação: “É o que têm feito os professores: um emplastro antipoliticamente incorreto, destinado a “aliviar os nossos pobres alunos da tentação de dizer o que eventualmente pensam”."
Os professores, segundo ele, reduzem a aprendizagem de argumentação dos alunos à mera sedução do leitor.

Sinceramente não sei se choro ou se entro em estado de choque!

Cortes na Educação?

terça-feira, janeiro 13, 2015

Entenda o Decreto 8389/15 | Decreto nº 8.389, de 7 de janeiro de 2015, que dispõe sobre a execução orçamentária dos órgãos, dos fundos e das entidades do Poder Executivo até a publicação da Lei Orçamentária de 2015 e afeta a EDUCAÇÃO.

     “O Ministério da Educação foi o mais afetado pelos cortes de gastos não obrigatórios anunciados pelo governo nesta quinta-feira. Conforme o decreto 8.389, publicado no Diário Oficial da União (DOU), a pasta sofrerá uma limitação extra de 586,83 milhões de reais por mês em seu orçamento. Isso ocorre porque este ministério é o que possui o maior volume de gastos não prioritários, que englobam viagens, compras de material e diárias de hotéis, por exemplo. Em seguida aparecem os ministérios da Defesa, com um corte de 156,46 milhões, das Cidades (144,42 milhões de reais), do Desenvolvimento Social (139,88 milhões de reais), e da Ciência e Tecnologia (130,88 milhões de reais). Os cálculos foram feitos pelo pesquisador do Ibre-FGV Gabriel Barros.
No total, o governo anunciou o BLOQUEIO PROVISÓRIO de um terço dos gastos administrativos dos 39 ministérios e secretarias especiais, o que deve totalizar uma economia de 1,9 bilhão de reais mensais, segundo o Ministério do Planejamento. “

   O decreto foi criado para atender:

·         despesas constitucionais ou legais da União, bolsas de estudo: CNPq, CAPES e IPEA,
·         bolsas de residência médica e do PET, bolsas e auxílios educacionais dos programas de formação do FNDE, bolsas para ações de saúde da e Hospital de Clínicas de Porto Alegre, e Bolsa-Atleta e bolsas do Programa Segundo Tempo; 
·         pagamento de estagiários e de contratações; 
·         ações de prevenção a desastres classificadas na subfunção Defesa Civil; 
·         formação de estoques públicos vinculados ao programa de garantia dos preços mínimos; 
·         realização de eleições e continuidade da implantação do sistema de automação de identificação biométrica de eleitores pela Justiça Eleitoral; 
·         importação de bens destinados à pesquisa científica e tecnológica, no valor da cota fixada no exercício financeiro anterior pelo Ministério da Fazenda; 
·         concessão de financiamento ao estudante; 
·         ações em andamento decorrentes de acordo de cooperação internacional com transferência de tecnologia;
·         dotações destinadas à aplicação mínima em ações e serviços públicos de saúde, classificadas com o Identificador de Uso 6 - IU 6
·         despesas a que se refere o anexo previsto no art. 93 da Lei nº 13.080, de 2015;
·         outras despesas correntes de caráter inadiável. 

Eu mesma conheço uma cidade, na qual lecionei, que houve gasto com lousas digitais e ares condicionados que não são utilizados. Se foi erro de planejamento da gestão que adquiriu os bens, ou da gestão que agora os utiliza, ainda não sei, mas houve um gasto (haja vista que a cidade em questão se localizam em uma região muito quente, os ares condicionados podem ser considerados insumos necessários à educação de qualidade) que não foi aproveitado como deveria.
Escutei muita coisa sobre esse decreto. Ainda não achei o defeito dele, mas se alguém souber, fique à vontade para comentar.



Bibliotecas Públicas Virtuais

domingo, janeiro 11, 2015


  •  Acervo Digitais de Cordeis da Biblioteca de Obras Raras de Átila de Almeida – UFPB
http://cordeis.bc.uepb.edu.br/index.php


  •  Arquivo Público do Estado de São Paulo
http://www.arquivoestado.sp.gov.br

  • Banco de Dados de Livros Escolares Brasileiros (1810 a 2005) – FEUSP
http://www2.fe.usp.br/estrutura/livres/index.htm

  •  Biblioteca Digital Mundial
http://www.wdl.org/pt/about/ 

  •  Biblioteca Digital Paulo Freire
http://www.paulofreire.ce.ufpb.br/paulofreire/principal.jsp


  •  Biblioteca Nacional
http://www.bn.br/portal/ 


  • Brasiliana USP
http://www.brasiliana.usp.br/

  •  Coleção Aplauso
http://aplauso.imprensaoficial.com.br/


  •  Domínio Público
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp

  •  Wikilivros
http://pt.wikibooks.org/wiki/Wikilivros 

Retextualização e o estudo com memórias

Buscando informações sobre o trabalho relevante em sala de aula de Língua Portuguesa, recebi a sugestão de leitura de um texto acadêmico. O trabalho " A retextualização como trabalho didático", de Rosane de Mello, apresentado no Celsul, expõe que a reescrita textual é bastante utilizada para a aprendizagem da produção textual. É uma prática na qual observamos aspectos relativos às mudanças de um texto no seu interior. Vislumbra marcas sociais dos gêneros, mas fica limitada quanto aos usos sociais. 

A retextualização é considerada como a metodologia mais adequada para a aprendizagem de gênero textual na escola.

O gênero estudado pela professora é a anotação, usado por alunos e professores. 

Transcrição é o texto transcodificado da produção oral original, no qual se evitam pontuação, inserções e qualquer tipo de eliminação, traz indicações de situacionalidade e de qualidade de produção. A retextualização é um momento posterior, baseado em operações mais complexas, que realizam mudanças no texto-base (Marchschi, 2001).

Na anotação a compreensão é fundamental. Ela é considerada um gênero de reformulação de uma produção oral para outra escrita, a fim de preservar informações para uma posterior consulta. 

Ela é uma produção para o próprio escritor e depende das interpretações que ele faz na situação de sócio-comunicação em que se encontra. Algumas vezes essa anotação poderá ser retextualizada, tornar-se um relatório, uma resenha, uma memória, etc, mas também pode ser um texto final, com o simples objetivo de tomar notas.

São 9 as operações que acontecem na anotação:


  1.     Estratégia de eliminação – baseada na idealização lingüística, elimina marcas interacionais, hesitações da fala.
  2.                Pontuação – simula a entonação da fala.
  3.            Estratégia de eliminação com retirada de repetições, paráfrases, pronomes egóticos, reduplicações.
  4.          Produção de um resumo, simultânea a segunda operação, decisão de agrupamento do conteúdo, disposição do texto em blocos, marcação do início desses tópicos. – depende da consciência do aluno em disciplinar o texto.
  5.     Substituição e reorganização de natureza pragmática, substituindo palavras pelos nomes específicos (alguém, um lugar...).
  6.    Reconstrução de estruturas truncadas, concordâncias, reordenação sintática e encadeamentos.
  7.               Estratégia de substituição com vistas à uma maior formalidade.
  8.          Reordenação tópica do texto e da sequência argumentativa.
  9.   Estratégia de condensação de argumentos, transformando e não eliminando informações.
Segundo a autora, em um dos estudos realizados, durante uma palestra os alunos tomavam notas corridas, com frases coesas e coerentes, mas esparsas e raramente apresentavam marcas de oralidade. Já os presentes que não eram alunos, faziam esquemas e registravam palavras-chave, raramente apresentando frases, o que leva a crer que a retextualização depende dos objetivos do autor.

A professora observou também que ao retextualizar a palestra os autores retiravam informações que não consideravam relevantes, como a autoria da citação e a opinião do palestrante, o que pode vir a explicar uma reclamação constante dos professores de que os alunos não registram corretamente os comentários que eles fazem em sala de aula.

Em um curso que fiz, um professor constantemente avisava o que era para ser anotado e pedia que registrássemos com atenção o que ele dizia, uma outra professora solicitava que marcássemos palavras-chave na legislação brasileira referente ao ensino no Brasil. Penso se faria mesmo diferença em nossas aulas avisar aos alunos, que não são acostumados com essas anotações, haja vista a pergunta constante: “É para copiar?”. E isso eles perguntam não do que o professor diz e sim sobre as anotações que o mesmo fez no quadro. Segundo a autora, quando o aluno faz uma cópia, acreditando ser uma anotação ele comete um erro, age passivamente sobre o texto, ao invés de retextualizar, que implica uma ativa interação, transformando um texto oral em escrito, compreendendo-o, apropriando-se do seu conteúdo e de seu sentido, interferindo sobre o que aprendeu, uma “tradução endolígue” (Marcushci, 2001).

De acordo com Roseane o anotador deve saber escolher o que anotar, pois os sentidos são produzidos na relação do sujeito com a língua e pelos seus conhecimentos prévios.

Penso então que é importante os alunos conhecerem o currículo, saberem o que vão estudar e o que se espera que eles aprendam, auxiliando assim quais são as anotações relevantes e evitando que se ocorra o erro de anotações mal interpretadas. É interessante que se revise as anotações com os alunos. O professor pode questionar se o que foi anotado foi realmente o que ele quis dizer, ou mesmo, ter o cuidado de, se fizer um trocadilho, verificar se o aluno entendeu o que era para ser anotado e não tomar o trocadilho como verdade. Parece estranho, mas é comum quando não se tem domínio do que é exposto que se façam interpretações errôneas e que se escreva exatamente o contrário do que se quer dizer. Como a anotação é um texto para ser lido posteriormente, é necessário que os registros sejam claros e confiáveis.

É interessante o aluno compreender que para garantir o seu aprendizado no seu estudo futuro das anotações ele não precisa registrar exatamente tudo o que o professor fala, o que seria uma transcrição e não uma retextualização.

Há ainda pela análise da autora a presença de pronomes egóticos (eu, nós), nas anotações, que podem e, na minha opinião, devem ser suprimidos, como um exercício para a construção de uma argumentação. Isso pode demandar um tempo, já que é um aprendizado, mas é bastante válido, visto que comumente acabamos por criar hábitos de escrita.

Se eles registrarem, por exemplo, frases distantes, como tópicos apenas, segundo a autora, fica impossível estabelecer uma relação coesiva entre elas. A interveção do professor ao meu ver é essencial para que todos esses aspectos sejam trabalhados com os alunos.
Penso ser interessante o trabalho com memórias, textos feitos pelos alunos com vistas a expor os conhecimentos adquiridos nas aulas, fazer questionamentos e propor investigações. Os textos podem começar simples, com anotações primárias e se regulamentando aos poucos, atendendo as novas propostas, que precisam ser gradativas para não desanimar os autores.

Além de ser um aprendizado do gênero, facilita toda uma exposição de argumentos para a reconstrução de sentido dos textos, já que apresenta na prática muito o que se faz necessário em textos mais elaborados, como a dissertação argumentativa.
Estratégias de correção podem ser criadas em conjunto com os alunos, facilitando o trabalho do professor e possibilitando uma maior autonomia na reescrita e retextualização. Com o passar do tempo, os textos podem passar a investigativos e com uma criticidade aguçada. Tudo depende de como será conduzido o processo mediante as dificuldades apresentadas pelos alunos. Nesse ponto a postura do professor como mediador é fundamental. Construir junto é muito mais do que uma mera correção.



Referência: SANTO NICOLA, Rosane de Mello. A retextualização como trabalho didático. Celsul.
Disponível em: