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Veja - uma revista infeliz!

quinta-feira, maio 03, 2012

Nunca gostei de revistas ou jornais tendenciosos, pois bem sabemos que o juramento dos jornalistas diz  "A Comunicação é uma missão social. Por isto, juro respeitar o público, combatendo todas as formas de preconceito e discriminação, valorizando os seres humanos em sua singularidade e na sua luta por dignidade".
Lendo a reportagem da referida revista senti-me colocada em tom pejorativo, ou seja desvalorizada em minha profissão e na luta que travo todos os dias com o descaso à educação, o qual a revista só reforçou. Em reportagem totalmente contrária ao seu juramento essa infeliz revista diz:

"As avaliações oficiais para medir o nível do ensino no Brasil têm se prestado bem ao propósito de lançar luz sobre os grandes problemas da educação – mas não fornecem resposta a uma questão básica, que se faz necessária diante da sucessão de resultados tão ruins: por que, afinal, as aulas não funcionam? Muito já se fala disso com base em impressões e teoria, mas só agora o dia a dia de escolas brasileiras começa a ser descortinado por meio de um rigoroso método científico, tal como ocorre em países de melhor ensino. Munidos de cronômetros, os especialistas se plantam no fundo da sala não apenas para observar, mas também para registrar, sistematicamente, como o tempo de aula é despendido."

Eu poderia ser sarcástica, mas não sou assim, portanto vou me pronunciar de outra forma. Todos os professores reconhecem que há falhas na educação, pois ao ver um aluno que tivemos no Ensino Fundamental envolvido com drogas, desprovido de limites, ou mesmo envolvidos em situações tristes, que mostram que houve falhas em sua educação, sentimos a dor da perda e sempre nos perguntamos se fizemos tudo o que podíamos por eles. Ledo engano de quem acha que professor só ministra aulas. Além de provocar nossos alunos para que despertem  a curiosidade e a vontade de aprender, nós também somos responsáveis por educá-los para  a sociedade, palavras como por favor, obrigado, com licença infelizmente são muitas vezes ensinadas e usadas só na escola. Além de termos os alunos de inclusão que não são considerados inclusão. Fico  a pensar se eles são só a "massa" mesmo. Pois são alunos que nasceram de familias humildes, cujos pais usaram drogas antes e durante a gestação, possuem muita dificuldade para aprender e só quem liga para eles é o professor, os outros os tratam ou como estorvo, ou como coitadinhos marginalizados pela sociedade. E dentro desse contexto  a revista pergunta: "por que, afinal, as aulas não funcionam?" Tudo bem, do fundo da incapacidade que eles dizem que eu tenho, eu respondo: Porque a educação, de maneira  formar um cidadão, um sujeito de sua história, nunca foi responsabilidade só da escola. Educação é familiar, escolar, social. Embora pessoas desinformadas se atrevam a julgar tão mal o que desconhecem, comprando falas alheias e tentando torná-las verdadeiras e incontestáveis.

A reportagem ainda diz:

"Tais profissionais, em geral das próprias redes de ensino, já percorreram 400 escolas públicas no país, entre Minas Gerais, Pernambuco e Rio de Janeiro. Em Minas, primeiro estado a adotar o método, em 2009, os cronômetros expuseram um fato espantoso: com aulas monótonas baseadas na velha lousa, um terço do tempo se esvai com a indisciplina e a desatenção dos alunos. Equivale a 56 dias inteiros perdidos num só ano letivo... Das visitas que fez a escolas nos Estados Unidos, o pedagogo Doug Lemov depreendeu algo que a breve experiência brasileira já sinaliza: "Os professores perdem tempo demais com assuntos irrelevantes e se revelam incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital"."

Gostaria de saber se esse senhor conheceu mesmo s escolas que visitou, se todas tinham laboratório de informática, se os mesmos estavam funcionando, se teve a curiosidade de ver como são as aulas nos mesmos. Já que não deram essas informações creio ser incoveniente firmar-me nessa fala... Todos trabalhamos com os recursos que temos. Ou alguém já deixou de trabalhar porque não tinha o material devidamente necessário? Não conheço professor que tenha feito isso!

E ainda tive que ler:
"Numa manifestação de flagrante corporativismo, os professores brasileiros chegaram a se insurgir contra a presença dos avaliadores dentro da sala de aula. Em Pernambuco, o sindicato rotulou a prática de "patrulhamento" e "repressão". Note-se que são os próprios professores que preferem passar ao largo daquilo que a experiência – e agora as pesquisas – prova ser crucial: conhecer a fundo a sala de aula. Treinados pelo Banco Mundial, os técnicos já se puseram a colher informações valiosas. Afirma a secretária de educação do Rio de Janeiro, Claudia Costin: "Pode-se dizer que o cruzamento das avaliações oficiais com um panorama tão detalhado da sala de aula revelará nossas fragilidades como nunca antes". Nesse sentido, os cronômetros são um necessário passo para o Brasil deixar a zona do mau ensino."
Sinceramente não vi nessa ação, até agora, muito menos nessa reportagem, uma resposta, ou um estudo direto sobre a qualidade da educação brasileira. Vi sim e muito triste uma "caça às bruxas", procuram culpados e não soluções e os professores foram os escolhidos para queimar na fogueira. Claro que os envolvidos nessa reportagem tiveram professores, pois se não o fosse não poderiam ter escrito. Imagino a dor da perda que eles sentem agora... Se a resposta são cronômetros, que tentem, pelo menos estão fazendo algo do nosso dinheiro. Quem sabe um dia, após terem culpado tanto quem não tem responsabilidade sozinho e apesar de saber disso, continua agindo como se tivesse, haja mais respeito e uma real preocupação em melhorar a educação.
No site do Mec podemos encontrar escrito
"Como se tornar um professor?
Saiba como se tornar o profissional que vai formar outros profissionais para o nosso país."
Algum comentário?

3 comentários:

Rosangela Lucineia Scheuer disse...

Oi Erika!
Nossa fiquei curiosa para acessar a página desta reportagem e escrever uma crítica construtiva...confesso que também fiquei chocada.
Essas ideias de copiar o que vem de fora...sempre dá nisso...fora de realidade...de acompanhamento do retrato da escola brasileira...a começar por suas instalações e espaços...nossa são tantas variáveis...só quem já está a tempo na escola...sabe o que realmente falta...sobrecarrega...estressa...
bem..vou ficando por aqui...tem como vc me mandar o link da revista com esta reportagem...se tiver...desde já obrigada.
Um abraço e até mais!

Psicopedagoga Ortensia Quintino disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Psicopedagoga Ortensia Quintino disse...

Faço algumas pesquisas para a educação infantil. Fui tomada por uma grande curiosidade e acessei a página.
Uma grande verdade tudo o que você disse.Infelizmente ouvimos determinados comentários que nos entristecem mas nem por isso tira a nossa vontade de continuarmos lutando por quilo que acreditamos. Um grande abraço e até outro dia com certeza.